Uma Sinopse
Aqui é revelado o significado oculto do ditado em Eclesiastes:
“Vaidade de vaidades, vaidade de vaidades, tudo é vaidade.”
Rabino Elazar comenta que as aparentes frustrações e decepções da vida são, na verdade, bênçãos disfarçadas.
Ele as chama de “santas e necessárias” porque estabelecem os limites dentro dos quais um ser humano pode encontrar a verdadeira felicidade.
“O sol também nasce e o sol se põe”
refere-se ao aspecto negativo das sete vaidades.
Em seu aspecto sombrio da meia-noite ou do crepúsculo, a inescapável vaidade da existência humana é comparada a um homem “tentando pegar o vento”: uma atividade fútil e inútil que é prejudicial ao espírito e, portanto, má.
Tais hábitos ou vícios devem ser abandonados.
Relevância
As influências espirituais que irradiam por esta seção nos ajudam a superar as fraquezas internas que impedem nosso progresso em direção à Luz.
Essas forças positivas fomentam uma consciência mais profunda dos aspectos da vida que podem nos trazer felicidade duradoura e verdadeira realização.
Sitrei Torá
(Os Segredos da Torá)
“O sol nasce e o sol se põe”
(Eclesiastes 1:5)
PERGUNTA:
Por que o Rei Salomão começou seu livro de sabedoria com este SEGREDO DO NASCER E DO PÔR DO SOL?
“Vaidade de vaidades”, disse Eclesiastes, “vaidade de vaidades, tudo é vaidade.”
“Venha, chegue mais perto.
Vou lhe contar um segredo que o Ari revelou aos seus discípulos.”
Veja.
O mundo que você vê (árvores, casas, empregos, problemas, alegrias) parece muito sólido. Parece algo pesado, firme, eterno.
Mas não é.
São como a respiração, como o vapor, como um pequeno suspiro que escapa dos lábios quando se está cansado.
Isso é o que Kohelet (Eclesiastes) chamou de hevel.
Mas hevel não significa “nada”, nem “isso não tem valor”.
Significa:
“Este não é o fim…
Este não é o ponto final…
Esta é uma ponte.”
O Ari disse que a alma desce ao mundo para aprender a atravessar essas pontes.
Que Deus não nos deu uma vida de pedra, mas uma vida de sopro, para que nunca nos esqueçamos de que a verdade está acima e que este mundo é apenas a sombra de um mundo superior.
Quando Salomão HaMelech disse:
“Hevel havalim, tudo é hevel”,
o Ari sorri e diz:
“É verdade… mas não como você pensa.”
Não é um lamento.
Não é pessimismo.
É uma descrição precisa do reino espiritual em que a alma atua. Deixe-me explicar:
Quando você percebe que algo não dura, quando alguém te decepciona, quando um plano desmorona, quando um sonho escapa por entre seus dedos… a vida não está te decepcionando.
A vida está te dizendo:
“Não se apegue a isso. Segure-se no seu coração.”
E então:
O “hevel” tem duas faces.
A primeira face é sagrada.
A segunda, sombria.
O hevel sagrado é quando você entende que a impermanência das coisas te convida a crescer, a se desapegar, a elevar sua consciência.
É quando a vida te diz: “Abandone o que não te serve. Não te pertence. Retorne a Mim.”
O hevel sombrio é quando uma pessoa absorve essa mesma impermanência e cai na tristeza, no cinismo,
“qual é o sentido?”,
“nada importa.”
Esse hevel é como um vento frio que penetra na alma e a adoece.
O Ari disse:
“A mesma provação que pode te destruir também pode te elevar. A diferença está na sua maneira de pensar.”
Agora, ouça algo mais profundo.
O Zohar diz:
“O sol nasce e o sol se põe.”
O Ari disse:
“Você sabe o que isso significa?
Que existem ciclos.
Que a luz que você tem hoje, você não terá amanhã.
E o que você não tiver amanhã, retornará depois de amanhã.”
Nada é fixo no mundo da respiração.
É por isso que se chama hevel (alma).
Mas essa falta de fixidez é uma dádiva: ela te força a se mover, a crescer, a buscar a raiz nas alturas.
Porque o que está sob o sol (tudo o que você vê) se deteriora.
Mas o que está acima do sol (intenção, conexão, fé, a raiz) jamais se perde.
E então, eu te digo:
Quando você se sentir frustrado, olhe para cima.
Quando algo dói, olhe para dentro.
E quando sentir que nada vale a pena, olhe para frente.
O hevel é um professor silencioso.
Ele lhe mostra que o que dói hoje será o vento amanhã.
Que o que o pesa hoje será uma lembrança amanhã.
Que o que parece "vazio" hoje será sua força amanhã.
O Ari disse:
"Cada decepção é um degrau.
Se você ficar nele, você chora;
se você subir, você cresce."
E é por isso que os sábios dizem que o mundo repousa sobre sete hevelim, sete respirações.
Porque elas foram projetadas para impulsioná-lo para frente, não para destruí-lo.
Então, meu amado:
Não tema quando algo se quebrar.
Não tema quando uma porta se fechar.
Não tema quando um plano se desvanecer.
É Deus respirando.
É o hevel movendo sua alma de volta à sua origem.
Cada “vaidade” que você sente é apenas um lembrete:
“Eu não sou isso.
Eu não sou meu sucesso.
Eu não sou meu fracasso.
Eu sou alma.
E estou apenas de passagem.”
E quando você entende isso, o mundo para de te oprimir.
E você começa a caminhar levemente, como o próprio sopro de Deus.
Esse é o segredo E o Ari ensinava com tanta gentileza.
E isso faz parte de Sua Sabedoria; é o que eu quero que vocês recebam hoje.
