Embora vários membros da família de Darwin fossem pensadores livres,
abertamente lhes faltando crenças religiosas convencionais, ele inicialmente
não duvidava da verdade literal da Bíblia. Ele frequentava uma escola da igreja
da Inglaterra e, mais tarde, em Cambridge, estudou teologia Anglicana. Nesta época, ele estava plenamente
convencido do argumento de William
Paley de que o projeto perfeito da
natureza era uma prova inequívoca da existência de Deus. Contudo, as suas
crenças começaram a mudar durante a sua viagem no Beagle. Para ele, a visão de
uma vespa paralisando uma larva de borboleta para que esta servisse de alimento
vivo para seus ovos parecia contradizer a visão de Paley de projeto benevolente
ou harmonioso da natureza. Enquanto a bordo do Beagle, Darwin era bastante
ortodoxo e poderia citar a Bíblia como uma autoridade moral. Apesar disso,
ele via as histórias no velho testamento como falsas e improváveis.
Ao
retornar, ele investigou a questão de transmutação de espécies. Ele sabia que
seus amigos naturalistas e clérigos pensavam em transmutação como uma heresia
que enfraquecia as justificativas morais para a ordem social e sabiam que tais
ideias revolucionárias eram especialmente perigosas em uma época em que a
posição estabelecida da igreja da Inglaterra estava sob constante ataque de
dissidentes radicais e ateus. Enquanto desenvolvia secretamente a sua teoria de
Seleção Natural, Darwin chegou mesmo a escrever sobre a religião como uma estratégia
tribal de sobrevivência, embora ele ainda acreditasse que Deus fosse o
legislador supremo. Sua crença continuou diminuindo com o passar do tempo e,
com a morte de sua filha Annie em 1851, Darwin finalmente perdeu toda a sua fé
no cristianismo. Ele continuou a ajudar a igreja local e colaborar com o
trabalho comunitário associado à igreja, mas, aos domingos, ia caminhar
enquanto sua família ia para o culto. Em seus últimos anos de vida, quando
perguntado sobre a visão que tinha a respeito da religião, ele escreveu que
nunca tinha sido um ateu no sentido de negar a
existência de Deus e, portanto, se descreveria mais corretamente como um agnóstico.
Charles
Darwin contou em sua biografia que eram falsas as afirmações de que seu avô
Erasmus Darwin teria clamado por Jesus em seu leito de morte. Darwin concluiu
dizendo que "Era tal o estado de sentimento cristão neste país [em
1802].... Nós podemos apenas esperar que nada deste tipo prevaleça hoje".
Apesar desta crença, histórias muito parecidas circularam logo após a morte de
Darwin, em particular, uma que afirmava que ele havia se convertido logo antes
de morrer. Estas histórias foram disseminadas por alguns grupos cristãos até ao
ponto de se tornarem lendas
urbanas, embora as afirmações tenham sido refutadas pelos filhos
de Darwin e sejam consideradas falsas por historiadores.
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