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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

QUESTÕES ANATÔMICAS E FILOSÓFICAS DO ESPIRITISMO

PARTE I – QUESTÕES ANATÔMICAS

1) Do ponto de vista anatômico, físiológico, em que parte exatamente do corpo humano ficam alojados o espírito e os seus congêneres (alma, perispírito etc.)? No coração? No cérebro? Nas pernas? No sangue? No corpo inteiro?
2) Seria o espírito DIVISÍVEL ou INDIVISÍVEL? Trata-se ele de um conjunto de elementos separáveis ou de uma entidade una e indestrutível?
3) No caso de o espírito ser DIVISÍVEL e estar presente em cada célula do corpo, como afirmam alguns espíritas, é coerente raciocinarmos que, em caso de perda de algum membro ou órgão (um braço ou um rim, por exemplo), o ser humano perde também parte do seu espírito? (Já vi muitos espíritas admitirem tal possibilidade).
4) Perde parte de seu espírito também o ser humano que resolve doar espontaneamente um rim? E o receptor, recebe parte do espírito do doador e passa a ter elementos de dois espíritos distintos circulando pelo corpo? Contrai ele elementos da personalidade do doador? (Obs.: Imagino o que pode ocorrer se um colono judeu da Cisjordânia receber por transplante um órgão retirado de um militante palestino do Hamas morto em combate !)
5) Quando alguém perde sangue, perde também espírito, considerando a presença deste em todas as células do corpo? Transfusões de sangue implicam em transfusões de espírito, como afirmam alguns líderes religiosos? Perde a mulher parte do espírito quando entra no período menstrual?
6) Está provado que milhões de células do corpo morrem diariamente para dar lugar a outras novas, em um constante processo de renovação. Ocorre o mesmo com o espírito? Renova-se ele constantemente com as células, a todo o momento? Em caso negativo, teria ele então alguma função peristáltica que o faz retirar-se das células prestes a entrarem em deterioração e ocupar novas, conforme vão nascendo?
7) O corpo cresce na passagem da infância para a juventude e encolhe na velhice, período da vida em que o ser humano perde também o vigor e a lucidez. A produção de novas células é insuficiente para repor as que morrem. Ocorre a mesma coisa com o espírito?
8 ) Complementando a questão anterior, há muitos casos em que a velhice faz o ser humano retroceder no tempo, desaprender parte ou tudo o que aprendeu, demenciar, ou voltar a ser criança! Considerando que a dissociação entre o corpo e o espírito só ocorre após a morte do indivíduo, como fica o espírito nesse contexto? Se ele se apossou de um corpo para evoluir, para adquirir experiência, ficar melhor do que era em vidas passadas, que meios ele utiliza para manter a sua integridade no momento (break-even point) em que aquele começa a descer a ladeira da decrepitude? Recuará no processo evolutivo para retomar força e vigor em vidas futuras? Haverá alguma espécie de “retrocesso reencarnatório” temporário?
9) Há inúmeros casos de ex-combatentes que perdem as duas pernas e os dois braços na guerra. Proporcionalmente, esses quatro membros correspondem a mais da metade do corpo humano, em peso e em massa corpórea. Considerando, agora, a DIVISIBILIDADE DO ESPÍRITO, é lícito supor que um mutilado nessa condição perde mais da metade dele?
10) Se uma pessoa perde mais da metade de seus membros e órgãos ao longo da vida, em MUTILAÇÕES NÃO SIMULTÂNEAS, fragmentos de espírito, liberados em cada perda, rumam para alguma sala de espera cósmica especial, onde ficam aguardando o hospedeiro morrer para poderem se recompor com o resto que virá depois?
11) Agora, considerando o espírito como uma entidade INDIVISÍVEL, una e indestrutível, seria razoável supor que a parte que ocupava os membros perdidos do nosso personagem mutilado se recolheu para acomodar-se no restante do corpo que sobrou? Sua casa ficou menor?
12) Gêmeos siameses possuem dois espíritos ou um apenas? Em caso de separação de seus corpos por meio de intervenção cirúrgica, e na probabilidade de haver um só espírito circulando em ambos – e este for INDIVISÍVEL– qual dos dois fica com ele? Como seria a vida daquele que ficou sem espírito? Receberia um novo (0Km) ou viveria “desalmado” até morrer? Por outro lado, se o espírito for DIVISÍVEL, seria ele repartido pela mão divina em duas metades iguais? Seus hospedeiros, já terrivelmente castigados ao nascerem, viveriam o resto de seus dias “amputados espiritualmente”?
13) Admitindo a possibilidade de haver dois espíritos circulando nos corpos dos irmãos siameses, onde começa o domínio de um e acaba o do outro, considerando que os dois possuem vários órgãos internos em comum? (Haja imaginação para responder tais questões!)
14) A maioria dos espíritas crê que o espírito deles é INDIVISÍVEL e aloja-se no cérebro do indivíduo ao nascer. Eu tive a infelicidade de ouvir, certa vez, um espírita, médico, afirmar que a glândula hipófise era a morada da alma! Considerando isso como certo, na hipótese de um dia a Ciência ser bem sucedida no transplante desse órgão –o que é apenas uma questâo de tempo–, receberá o receptor o espírito do doador em sua inteireza? Por exemplo, se um indivíduo com o cérebro corroído por um tumor maligno recebe o cérebro sadio de um doador morto em acidente, recebe de inhapa também o espírito dele? E o espírito original, que morava no órgão doente, morre com ele? Vai procurar outro cérebro onde instalar-se? Partirá para novas reencarnações? Ou tentará expulsar a tapas, socos, tiros, chutes e pontapés o invasor insolente que ameaça apossar-se do corpo que “usou para se aperfeiçoar” desde o dia em que foi gerado?
15) Ainda no que diz respeito ao transplante de cérebro, terá o receptor do órgão os mesmos sentimentos, os mesmos temores, as mesmas alegrias, os mesmos vícios, as mesmas lembranças, o mesmo caráter, o mesmo talento; enfim, a mesma personalidade do seu doador?
16) Por falar em tumores, que vida inteligente está por trás deles, que têm a capacidade de humilhar e derrotar o mais competente dos médicos, de fazer bilhões de dólares virarem pó?
17) Se o sofrimento e a dor fazem parte do processo evolutivo do ser humano, não estariam os médicos espíritas burlando desígnios divinos ao limparem a chaga de um enfermo, ao extraírem o tumor de um doente, ao restituir o dom da visão a um cego, ao devolver a fala a um mudo?
Bem, não vou entrar na questão da clonagem humana – que também um dia será realizada com sucesso (espero estar vivo para ver!) –, pois o assunto é vasto e demasiadamente cansativo para ser tratado aqui. Apenas duas questões gostaria de formular antes de fecharmos essa bateria de perguntas e saltarmos para o campo filosófico do espiritismo, outro pântano cheio de incongruências, de questões irrespondíveis e concepções absurdas:
18) Considerando as inúmeras experiências feitas com gêmeos, desde a infância da Medicina, que revelam a altíssima compatibilidade não só de órgãos, células, mas também de personalidades, se clonarmos não um, mas três seres humanos a partir de uma mesma matriz genética, teremos três pessoas compatíveis, para não dizer idênticas, de corpo e alma?
19) De onde virão os espíritos que se alojarão nos nenês-clones? Aliás, terão espíritos essas criaturas monstruosas fabricadas pelo deus-homem? Se tiverem, serão iguais ou distintos? Será que o deus dos espíritas dará um espírito novinho em folha a cada uma destas crianças artificiais?

By RICARDO VIDAL

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